O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), classificou as ações criminosas registradas no Ceará desde o dia 2 de janeiro como atos de terrorismo e defendeu uma mudança na legislação brasileira sobre o assunto durante entrevista à GloboNews nesta quarta-feira (16).
“Eu defendo que precisa de uma mudança. Até porque nesses atos, foi a primeira vez que se usou explosivos em ações no Ceará, bombas. Isso precisa ser tipificado como terrorismo. Precisa o Congresso Nacional rever uma série de leis, inclusive uma delas é essa, a lei antiterrorismo, que precisa tipificar esse tipo de ação como terrorismo”.
A onda de violência no Ceará começou quando chefes de facções criminosas ordenaram, de dentro de presídios, que uma série de ataques fossem cometidos no estado. Até esta quinta-feira (17), foram pelo menos 209 crimes como incêndio de ônibus, carros e prédios públicos, e uso de explosivos em pontes, viadutos e torres. 46 dos 184 municípios cearenses foram alvos de ações criminosas, o que levou o governador a pedir ajuda da Força Nacional.
Camilo Santana também confirmou o fechamento de 67 cadeias municipais no interior do Ceará nos últimos dias. “Eram cadeias precárias, concentrei na Região Metropolitana para ter mais controle sobre esses presos. Isso foi uma decisão do próprio secretário [da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque]. Tenho tido todo o apoio do poder Judiciário”, afirmou.
A fala do governador acompanha a forma como o ministro da Justiça, Sérgio Moro, abordou a situação vivida no estado também em entrevista à GloboNews na terça-feira (15).
“Se o Estado não tomar uma atitude enérgica em relação a essas organizações criminosas, o problema tende a crescer. O caso do Ceará é um ilustrativo disso, em que organizações criminosas se sentiram à vontade de praticar, na minha opinião, verdadeiros atos terroristas. Diante da perspectiva de adoção de uma política mais rigorosa contra essas organizações, o que eles fizeram foi tentar explodir viadutos, incendiar, buscando que o estado, o governo voltasse atrás”, disse.