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Pesquisa da UFPB estuda óleo de coco para tratar asma e ganha destaque em publicação internacional

Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (CCS/UFPB) aponta o óleo de coco virgem como terapia complementar para prevenir ou reduzir crises asmáticas. A pesquisa ganhou destaque internacional, com publicação pela revista de alto impacto e de acesso livre Oxidative Medicine and Cellular Longevity (Medicina Oxidativa e Longevidade Celular).

O estudo é a tese de doutorado do pesquisador Luiz Henrique C. Vasconcelos, hoje professor do Departamento de Fisiologia e Patologia (DFP/CCS/UFPB). O nome do artigo é “A suplementação com óleo de coco virgem evita a hiperreatividade das vias aéreas de porquinhos da Índia com inflamação crônica do pulmão alérgico por mecanismo antioxidante”.

De acordo com Luiz Henrique C. Vasconcelos, em seu estudo é demonstrado, pela primeira vez, que a suplementação com óleo de coco virgem surge como promissora, tendo em vista seu potencial papel como alimento funcional, na terapia adjuvante da inflamação alérgica pulmonar crônica, principalmente por suas ações sobre os processos inflamatórios e oxidativos, processos das vias aéreas que caracterizam a asma.

“Essa publicação é gratificante porque foi um trabalho árduo, intenso, foram vários dias de experiências, até altas horas da madrugada no laboratório”, contou Luiz Henrique. Ele destacou a importância das pesquisas realizadas pela UFPB e sua divulgação. “O que é feito na universidade tem o objetivo de gerar benefício para a população, melhorar o quadro socioeconômico da região onde ela está inserida”, disse o pesquisador, cuja pesquisa foi financiada pelo CNPq e teve incentivo da UFPB para a tradução e publicação, e em torno de 5% do trabalho teve parceria com a Universidade de São Paulo (USP).

A orientadora da pesquisa de Luiz Henrique foi a professora Bagnólia Araújo Costa, do Departamento de Ciências Farmacêuticas (DCFA/UFPB). Ela lembra que o óleo de coco virgem é um produto natural antigo, mas que “o segredo é você colocar um olhar novo em cima de uma droga velha”. Bagnólia elenca também mais dois “segredos” importantes: os pós-graduandos brilhantes e fazer o melhor possível com o que se tem, até que apareçam as condições para melhorar.

A orientadora ressaltou, ainda, que apesar das dificuldades pela falta de recursos e pelos cortes de orçamento, é possível fazer pesquisa de qualidade na universidade pública, com proatividade e boas ideias científicas. “Toda essa pesquisa foi financiada com dinheiro público, dinheiro do povo brasileiro, através do CNPq. Sem ciência, não há futuro para o Brasil”, asseverou a professora.

Trabalho pré-clínico

O pesquisador Luiz Henrique explicou que seu estudo é um trabalho pré-clínico, realizado com animais, nesse caso, porquinhos da Índia. “Tivemos um conjunto bom de resultados com relação ao que nós estudamos, em relação à asma. Em nível pré-clínico foi um resultado muito bom, porque apresentou uma série de efeitos bem interessantes, o principal é que diminuiu a resposta exagerada do músculo liso das vias aéreas, nesses animais”, explicou Luiz Henrique.

Diante desses resultados, ele defende o avanço das pesquisas para a realização de estudos clínicos. Segundo Luiz Henrique, na UFPB já existe um estudo clínico em andamento, com óleo de coco, mas relacionado a hipertensão.

Escolha do óleo de coco

O autor da tese disse que escolheu o óleo de coco pelo produto ter ganhado destaque no mercado e aumentado seu consumo por indicação de profissionais como nutricionistas, e também porque o óleo de coco já estava entrando na área da pesquisa relacionada com problemas de saúde.

Entre as propriedades farmacológicas do óleo de coco virgem estão o anti-inflamatório, o anti-hipertensivo para prevenir doenças coronárias e o cardioprotetor. “Assim, devido às suas ações no processo inflamatório, o óleo de coco é um potencial candidato na terapia adjuvante de várias doenças inflamatórias crônicas, como a asma alérgica”, afirma o estudo.

Asma

Apesar da grande diversidade de medicamentos para o tratamento desta doença, isso ainda é feito de forma paliativa e / ou preventiva; portanto, novas abordagens terapêuticas são necessárias com o objetivo de limitar ou pelo menos tornar as crises agudas menos frequentes ou que potencializem os efeitos dos medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da asma e, assim, reduzam o desenvolvimento de ataques agudos.

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