O Mercado Livre lançou hoje uma campanha contra o reajuste de até 51% nos fretes dos Correios – o aumento médio será de 29% – a partir de 6 de março. Segundo a empresa, a mudança prejudicará tanto os consumidores quanto os pequenos e médios empreendedores que vendem pela internet e utilizam os Correios para despachar seus produtos.
“Ao escolher repassar os custos da sua ineficiência operacional, os Correios – líder na entrega de encomendas no e-commerce – figuram como principal responsável por prejudicar significativamente a evolução do segmento. Um retrocesso que impacta diretamente os pequenos e médios empreendedores, importante fonte geradora de empregos no Brasil”, afirma o site. “Só no Mercado Livre, mais de 110 mil famílias têm as vendas no marketplace como sua principal fonte de renda.” Marketplace é o nome utilizado para designar o mercado virtual no qual vendedores e compradores fazem negócios.
Veja também
O Mercado Livre diz que o aumento prejudicará principalmente os consumidores que moram em regiões mais afastadas das capitais e das cidades que concentram os vendedores, uma vez que os percentuais de reajuste são mais elevados quanto maior a distância para a entrega. O aumento máximo de 51% considera o interior de dois estados.
“O aumento será maior nas rotas mais distantes, por isso entendemos que é um movimento antidemocrático, pois pune mais quem mora mais longe. Para essas pessoas, a compra pela internet não é uma comodidade, mas uma necessidade”, diz Leandro Soares, diretor do Mercado Livre.
Para os moradores da Grande Rio de Janeiro, ainda será cobrada uma tarifa extra de 3 reais por causa, segundo os Correios, do aumento do risco de entrega.
Segundo Soares, a empresa não tem como absorver integralmente o aumento – isso significa que uma parte do reajuste será repassada ao consumidor. “Vamos continuar a estimular a nossa política de frete grátis. Ou seja, continuaremos a subsidiar os vendedores, pagando mais da metade do valor cobrado pelos Correios para que seja oferecido o frete grátis. E é dessa forma que vamos tentar amenizar o impacto sobre vendedores e compradores. Vamos acabar reduzindo a nossa margem.”
O Mercado Livre fez uma comparação – para o envio de um pacote de meio quilo a uma distância de 500 km, em dólar – entre o novo preço cobrado pelos Correios no Brasil com os valores dos outros quatro países onde tem operações: o frete no Brasil fica 42% mais caro do que na Argentina, 130% mais caro do que no Chile, 160% mais caro do que no México e 282% mais caro do que na Colômbia.
No Facebook, a campanha do Mercado Livre contra o aumento do frete teve mais de 11 mil compartilhamentos e 7.000 reações. Nos comentários, muitos internautas criticam o funcionamento dos Correios, mas também sugerem que o Mercado Livre utilize outro serviço de entrega, como transportadoras ou empresas de ônibus.
“É inadmissível que um dos maiores marketplaces do Brasil ainda tenha ligação com os Correios. A incompetência desse serviço acaba refletindo no Mercado Livre e afastando muitos compradores. A empresa já tem porte suficiente para dar um passo e tentar contratos maiores com empresas de courier decentes”, diz um dos usuários.
Soares diz que o Mercado Livre já oferece serviços de entrega alternativos ao prestado pelos Correios. Um deles, lançado no fim de 2017, permite que o vendedor guarde antecipadamente seus produtos em um armazém do Mercado Livre, que faz a distribuição – sem passar pelos Correios – quando a venda for realizada.
Os Correios ainda são o principal parceiro de entrega do Mercado Livre, pois são os únicos presentes em todos os municípios do país.
Versão da instituição
Procurado por VEJA, os Correios disseram, por meio de nota, que o aumento médio de preços será de “apenas 8% para os objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, que representam a grande maioria das postagens realizadas”. A empresa ressalta que o reajuste vale para todas as postagens, não só para o e-commerce. E é parte de uma revisão anual, prevista em contrato, relacionada ao aumento de custos e que busca manter os preços competitivos.
A instituição disse também que a comparação com outros países não é adequada, porque há diferenças entre os territórios, o que influencia na complexidade das entregas. E que a violência nas cidades brasileiras impacta nos custos. “Por esse motivo, foi estabelecida uma cobrança emergencial de 3 reais para os envios destinados à cidade do Rio de Janeiro, cobrança essa que poderá ser suspensa a qualquer momento, desde que a situação de violência seja controlada”, diz o texto.
Fonte: VEJA